Em meio a pandemia do Coronavírus, que estamos enfrentando em 2020, toda e qualquer notícia positiva que gere o mínimo de esperança, é sempre recebida com euforia e se torna uma “celebridade” (vide o caso da cloroquina e hidroxicloroquina).
Mas, ao mesmo tempo, pode se tornar uma polêmica caso não se tenham estudos precisos, específicas e concisos que fundamentam a utilização de uma determinada substância para um determinado fim.
No caso da vitamina D é sabido e comprovado, por diversos estudos, que ela é um micronutriente essencial, atuando como um importante modulador genético, para o metabolismo ósseo e muscular esquelético.
Porém, recentemente, a notícia sobre a vitamina D poder ser um importante meio de combate ao coronavírus veio à tona. Mas será que, apesar de todas as suas características e benefícios para a saúde, temos estudos suficientes que atestem essa teoria?
Para entendermos a relação da vitamina D com o coronavírus, primeiro precisamos entender qual a relação dela com a melhora da imunidade no nosso organismo (o que chamou tanto a atenção dos pesquisadores e da mídia).
Estudos mostram que a vitamina D têm diferentes papéis, dentre eles, ela atua na redução dos riscos de infecções microbianas e morte, promovendo uma barreira física, estimulando a imunidade natural e a imunidade adaptativa.
Ou seja, a vitamina D é uma grande estimuladora do processo de imunidade do nosso organismo, prevenindo infecções, interferindo diretamente na replicação viral, e também atuando de forma imunomodulatória e anti-inflamatória.
Um dos exemplos da sua eficácia é a sua utilização no tratamento da gripe sazonal (H1N1) e da pneumonia, com o principal objetivo de reduzir o risco de morte por infecções do trato respiratório, bem como no tratamento da progressão da infecção pelo HIV também. Porém, é importante frisar que a vitamina D não cura essas doenças, mas sim proporciona prevenção e melhora do estado de saúde.
“A vitamina D ajuda na prevenção e na diminuição de riscos de morte causadas por doenças que atacam diretamente o trato respiratório.”
VERDADE.
“A vitamina D pode curar as doenças devido ao seu estímulo na melhora da imunidade natural e adaptativa do nosso organismo.”
MITO.
Como frisado anteriormente, a vitamina D tem funções muito importantes na prevenção de doenças infecciosas relacionadas ao trato respiratório e melhora do estado de saúde de pessoas já infectadas, porém, a vitamina D não tem função de cura para essas doenças.
Existem diferentes tipos de coronavírus (SARS-CoV), inclusive alguns já conhecidos por nós, como foi o caso da pandemia (em uma escala muito menor) em 2002, tendo em torno de 8000 casos e aproximadamente 800 mortes ao redor do mundo.
A diferença entre o coronavírus de 2002 e o coronavírus de 2020 (SARS-CoV-2) é que o mais atual tem um poder de se multiplicar muito mais rápido e em muito menos tempo.
Ok, mas o que ele é e o que causa?
SARS significa Severe Acute Respiratory Syndrome ou Síndrome Respiratória Aguda Grave (em português).
É um RNA de sentido positivo de uma única cadeia, que se torna infeccioso quando atinge um reservatório animal que fornece um ambiente celular adequado onde o vírus pode se multiplicar e adquirir uma série de mutações genéticas vantajosas.
Essas mutações podem, então, permitir que o vírus cruze espécies, infecte-as e se multiplique efetivamente dentro de hospedeiros humanos.
O coronavírus é um vírus respiratório que causa sintomas semelhantes ao de uma gripe comum (febre, tosse seca e cansaço).
O coronavírus contém proteínas que permitem que ele se fixe nas células do nosso sistema respiratório (auxiliando a sua entrada nesta célula) e assim se multiplique dentro do nosso organismo e ataque novas células.
Esse processo, causado pela infecção do coronavírus, inflama os nossos pulmões, causando uma pneumonia e, em casos mais graves, atacam os alvéolos pulmonares.
É importante deixar claro que, na história científica da humanidade, nenhuma doença foi tão estudada e documentada com tamanha velocidade como o coronavírus de 2020.
Porém, essa velocidade pode causar falhas, já que, em um cenário “normal”, uma pesquisa pode levar até mais de ano para ser concluída e devidamente publicada em uma revista científica.
Então, até a data de publicação deste post, o que temos de pesquisas sobre a real eficácia da vitamina D em relação ao coronavírus são especulações baseadas na correlação entre os efeitos da doença e os benefícios da Vitamina D, como também a sua falta no organismo.
Como a vitamina D têm uma função muito importante na prevenção e melhora de infecções do trato respiratório, estudos presumem que essa vitamina pode auxiliar na melhora do quadro de pacientes já infectados com o coronavírus.
Ao mesmo tempo, esses estudos também apresentam a possibilidade de que, devido a um problema global de deficiência da vitamina D (níveis abaixo de 30 nmol/l), isso tenha causado uma predisposição do organismo à doença, gerando um surto.